terça-feira, 21 de abril de 2009

(subconsciente)

Cala-te… Escuta… Não me digas nada…
Cai a noite nos longes donde vim…
Toda eu sou alma e amor! Sou um jardim!
Um pátio alucinado de Grenada!

Dos meus cílios, a sombra enluarada,
Quando os teus olhos descem sobre mim,
Traça trémulas hastes de jasmim
Na palidez da face extasiada!

Sou no teu rosto a luz que o alumia…
Sou a expressão das tuas mãos de raça…
E os beijos que me dás já foram meus…

Em ti sou glória, altura e poesia!
E vejo-me (Oh, milagre cheio de graça!)
Dentro de ti, em ti, igual a Deus!…

Florbela Espanca

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