Ao longo da tarde dolente
Deslizamos calmamente,
Pequenos braços manobrando
Que remam sem convicção,
Pequenas mãos fingindo em vão
Ir nosso curso comandando.
Ah, Tríade cruel! A esta hora,
Neste tempo de encantar,
Pedir uma história agora,
Sem ar para mover uma pluma;
Mas de que serve reclamar
Contra três vozes à uma?
Grita a prima petulante:
- Comecemos sem demora!
A Secunda mais amena
Pede que haja disparate;
Enquanto a Tertia recomenda
Que a moderação se acate.
Então num silêncio imprevisto,
Perseguem na imaginação
A criança de sonho vagueando
Num reino de maravilha sem par,
Com bestas e aves falando;
E quase chegam a acreditar.
Mas os poços da fantasia
Acabam sempre por secar;
E o contador de histórias, cansado
Tentou escapar como podia;
- O resto amanhã; - Já é amanhã!
Gritaram as vozes com afã.
Assim nasceu a história do País das Maravilhas:
Assim, um por um, lentamente,
Se desfiaram seus estranhos eventos –
E agora a história acabou,
E remamos para casa alegremente
Debaixo do sol que baixou.
Alice! Uma história tão pueril!
E, como uma mão gentil,
Guardemo-la onde os sonhos de infância
Se enlaçam no coração da memória,
Como a murcha grinalda do viajante
Colhida numa terra distante.
As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho
Tradução e notas de Margarida Vale de Gato
Bertrand
14€
50 X 21
Há 3 dias
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