segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pequeno monólogo

São quatro e picos. Espera aí! Amanhã não hoje é dia de trabalho. Vamos lá dormir uma horitas para estar minimamente apresentável.
Avistou uma planta daninha, parasita, e abaixou-se para a arrancar. Quando voltou a endireitar-se, tinha a convicção de que executara uma tarefa gigantesca e julgou que perderia o conhecimento. Conservou-se imóvel, preparada para o que aconteceria a seguir. Uma dor como uma corrente escaldante, propagou-se ao longo do braço esquerdo, envolveu o peito e exerceu pressão, como um anel de aço. Não conseguia respirar e nunca conhecera semelhante agonia. Fechou os olhos e abriu a boca, para que a sensação pungente abandonasse o corpo, mas não foi capaz de emitir o menor som. A sua existência reduziu-se àquela dor. A dor e aos dedos da mão direita, ainda crispados em torno da planta daninha. Por razões que lhe escapavam, impunha-se que não a largasse.

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